terça-feira, 22 de fevereiro de 2011
A Revolução Americana
A primeira Revolução Liberal foi a Revolução Americana de 1776, que conseguiu a independência das 13 colónias inglesas na América. A maior causa desta Revolução foram os vários conflitos entre as colónias e a metrópole, como a guerra dos 7 anos (que enfraqueceu a economia do Reino Unido, que se viu obrigado a aumentar os impostos nas colónias, para recompor as finanças) e o facto das colónias não terem liberdade comercial (as colónias inglesas na América não podiam negociar com outros países; tinham de vender tudo à Inglaterra).
Todos estes factores e a propaganda contra os ingleses uniu os americanos. As colónias estavam divididas em três grupos. As colónias do Norte, do Centro e do Sul. As colónias do Norte e do Centro eram maioritariamente constituídas por imigrantes que tinham fugido das perseguições religiosas, encontraram na América um país liberal e eram em grande quantidade membros do povo. As colónias do Sul eram compostas por aristocratas que emigraram para enriquecer mais facilmente eram fiéis a Inglaterra e ao Anglicanismo. Porém havia vários factores que uniam todas as colónias. A língua, a religião, a submissão à Coroa Britânica e a luta contra os ingleses. Houve alguns conflitos entre os colonos e os colonizadores que ajudaram na propaganda anti-Inglaterra, como por exemplo o Massacre de Boston e a Tea Party.
Assim, em 1774 os colonos da América decidiram lutar pela sua independência. A América não tinha exército pois os militares pertenciam ao exército Britânico. Washington vai organizar um exército com a ajuda dos franceses. Em 1783 a Inglaterra reconheceu a independência dos Estados Unidos da América e em 1787 foi redigida uma constituição que ainda hoje vigora.
Críticas da sociedade Absolutista
As ideias iluministas e liberais criaram novas perspectivas da sociedade e dos regimes absolutistas. Estas novas mentes criticavam e condenavam o absolutismo. Contrariavam o poder de um só indivíduo e queriam que o poder estivesse divido e não centrado numa só pessoa. Diziam que o único homem que tinha poder paternal era, efectivamente, o pai e que o rei não deveria ter este poder sobre eles. Queriam separar os poderes: não existia liberdade quando o poder estava só numa pessoa pois esta se calhar não iria fazer o que era melhor para a Nação. Queriam um regime parlamentar, por oposição ao regime absolutista. O povo devia poder escolher representantes que defendessem os seus direitos perante o rei.
Havia também muitas críticas às classes privilegiadas. A igreja era acusada de ser bárbara e nada tolerante quanto às outras religiões. Mas a classe que sofria mais críticas era a nobreza. Os iluministas diziam que, só por terem ascendentes ilustres, os filhos não tinham de o ser também. Não tinham direito de herdar títulos ou virtude pois não tinham feito nada para os merecer. A única coisa que realmente diferenciava a nobreza do povo eram os bens materiais.
O Iluminismo
O Iluminismo foi um movimento filosófico nascido na Inglaterra nos finais do século XVII. Nesta época desenvolveu-se um grande interesse pela ciência e pelo progresso, sendo os princípios básicos do Iluminismo muito progressistas para a época. Os defensores do Iluminismo agiam em todas as ocasiões pela Razão e pela justiça. Os iluministas defendiam a tolerância. Diziam que não deviam haver nações dominadas por outras, pois um país só se desenvolveria se fosse livre. Defendiam também que as velhas crenças deviam ser esquecidas e que as pessoas deviam ser racionais e não emotivas, porque numa sociedade emotiva nunca não poderia haver justiça.
Os iluministas acreditavam que a sociedade é que criava a desigualdade. As pessoas nasciam iguais, mas a sociedade evitava a liberdade e impunha a desigualdade. Diziam que para combater estas desigualdades deveriam ser criadas leis para que houvesse mais justiça. As pessoas apenas deviam ser diferenciadas não pela sua ascendência, mas pelo seu contributo para a sociedade. Os descendentes dos que tinham praticado grandes feitos não deviam ter vantagens sobre os outros pois não tinham feito nada para os merecer.
O Iluminismo era também contra o racismo e a intolerância quanto às outras religiões. Queriam acabar com o racismo, também por causa do princípio da igualdade. As pessoas não deveriam ser julgadas pela sua cor de pele. A intolerância religiosa apresentava outro problema pois cada pessoa pensava individualmente e ninguém lhe podia forçar uma ideia. O princípio da tolerância levava a um melhor entendimento das sociedades. Se o Estado for tolerante a sua população é mais feliz e são evitadas guerras por questões religiosas.
Outro ideal defendido pelos iluministas era a educação. Estes acreditavam na igualdade da instrução. Era muito importante progredir a nível de instrução pois era na escola que as pessoas aprendiam a pensar autonomamente e a defender os seus direitos. Quanto mais culta fosse uma sociedade, melhor esta se relacionava. Era também necessário abolir a servidão para dar a possibilidade da mudança de grupo social (estes eram princípios burgueses; a mobilidade social vai permitir que os burgueses ascendam a altos cargos e que tenham mais poder na sociedade). Até esta altura apenas os aristocratas tinham direito à educação, mas o Iluminismo vai permitir que toda a gente tenha esse direito.Até aqui a criança era vista como um adulto em proporções pequenas. Agora passa a ser respeitada, começa a ter valor e deixa de ser vista como mais uma boca para alimentar ou como força de trabalho. A instrução era também muito importante porque era na idade escolar que as crianças desenvolviam os sentimentos de tolerância, de responsabilidade, etc. A criança tem de manter-se criança durante um determinado tempo para depois dar uso à razão. A infância tinha de passar a ser aceitada. A igualdade de instrução não era só entre classes sociais, mas também entre sexos. Os iluministas defendiam que a mulher tinha o mesmo direito à educação que o homem pois era igual ao homem intelectualmente. A mulher deveria ser instruída para poder trabalhar fora de casa e aumentar o rendimento da sua família.
A recusa do Absolutismo
O grande desenvolvimento da economia e da actividade marítimo-comercial permitiu o crescimento e formação de maiorias burguesas, ricas e poderosas, na Inglaterra e na Holanda. Nestes países, portanto, predominava uma mentalidade burguesa. As sociedades inglesa e holandesa eram mais liberais. Atraíam muitos imigrantes, tornando-se mais diversificadas. As guerras religiosas tornaram, também, estes países mais tolerantes quanto à liberdade de expressão e à diversidade de religiões.
Foi neste contexto que surgiu um novo movimento liberal. O Liberalismo, como era chamado, foi uma ideologia que se opunha ao Absolutismo e defendia a liberdade e a igualdade de direitos. Os burgueses apoiavam muito as ideias liberais pois, por serem uma subclasse do povo, não tinham direitos nem privilégios. Os burgueses queriam, principalmente, obter o direito à propriedade privada.
Algumas das ideias do Liberalismo inglês eram: a soberania nacional e contrato social, a separação de poderes (os liberais, ao contrário dos absolutistas, defendiam que o poder devia estar divido, em vez de estar centrado todo numa só pessoa; isto permitia maior justiça no país e maior estabilidade; o absolutismo dizia também que o poder que o rei detinha provinha de Deus, enquanto que o absolutismo defendia que o poder civil e o poder divino deviam estar separados), a superioridade do poder legislativo e o direito de resistência à opressão (ou o direito à liberdade de expressão, o que não acontecia nos regimes absolutistas, pois se alguém dissesse mal do regime ou do rei seria encarcerado). O Liberalismo valorizava mais o indivíduo face à comunidade e ao Estado.
Outro dos princípios do Liberalismo era o da tolerância. Nos regimes absolutistas não havia tolerância, especialmente quanto às outras religiões. O poder do rei era divino e havia apenas uma religião, que era a que o povo devia seguir. Vários autores defendiam o princípio da tolerância, e diziam que até na própria religião devia haver tolerância.
Outro ideal do Liberalismo, muito defendido pelos burgueses, era a igualdade de todos perante a lei. Os liberais diziam que os juízes tinham de ser justos e não deviam privilegiar, ou penalizar uma pessoa de acordo com a classe social a que pertencia. Um juiz tinha de ser racional e não emocional quando aplicava uma pena e tinha de perceber até que ponto aplicava a pena para o crime cometido.
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Coffee House |
No séc. XVII as coffee house tornaram-se muito populares em Inglaterra. Os cidadãos frequentavam estes cafés para discutir e debater opiniões. Foram muito importantes na consciencialização política do cidadão e na construção da opinião pública.
terça-feira, 25 de janeiro de 2011
A sociedade de ordens
Durante o Antigo Regime as sociedades europeias estavam organizadas por estados. Tudo estava estipulado nesta sociedade (o calçado, o vestuário, etc.). Havia três classes sociais, cada uma com os seus direitos e deveres. O clero, a nobreza e o povo.
A cada ordem correspondia uma categoria social quer definida pelo nascimento quer pelas funções sociais que os indivíduos desempenhavam. Cada ordem tinha o seu código de conduta social, onde são especificadas as honras, os direitos e deveres, que poderiam ir desde os símbolos sociais, profissões ou mesmo vestuário.
As pessoas aceitavam esta divisão esta divisão social pois acreditavam que tinha sido decretada por Deus.
O povo, em termos de vestuário, não podia usar as roupas dos nobres, mesmo que tivesse dinheiro paras as pagar. Caso o fizesse, seria açoitado publicamente, como forma de castigo.
Para além disto tudo, cada ordem tinha também, especificidades no campo da justiça. Estas distinções eram garantidas pelo monarca que legislava nesse sentido. Assim tratava-se de uma organização social rígida, onde só o rei podia abrir excepções.
A população pensava que não podia tomar o destino nas suas mãos pois era Deus que o comandava. Ninguém podia mudar de estatuto social pois não era essa a vontade de Deus.
Apesar da já falada hierarquia, a mobilidade social existia, sobretudo na ascensão do terceiro estado (burguesia, especificamente). A burguesia, por se ruma ordem com bastante dinheiro, usufruiu de uma "subida rápida" devido ao declínio da nobreza de sangue, tornando-se assim pertencente à nobreza de Toga. A nobreza de sangue não resistiu à atracção da fortuna destes recém chegados, casando os seus filhos com os desta nova nobreza. Além do dinheiro, foram também a instrução e a dedicação aos cargos do Estado desta burguesia que abriram as portas do topo, visto que os nobres negligenciaram todo o tipo de conhecimento.
O Absolutismo do Antigo Regime
O Antigo Regime foi o modelo de vida dos europeus entre os séculos XVI e XVIII. Era caracterizado pela sociedade de ordens e pela desigualdade natural, funcional e jurídica.
No Antigo Regime havia vários modelos políticos, porém os mais importantes foram as monarquias absolutistas (França, Portugal e Espanha) e as monarquias parlamentares (Holanda e Inglaterra). O absolutismo, que era o modelo político que vigorava na Europa Ocidental, defendia que o poder do rei vinha de Deus, que todas as terras do reino pertenciam ao rei e que ninguém podia obrigar o rei a fazer alguma coisa ou a tomar uma decisão, pois o poder deste era absoluto e ninguém podia controlar as suas acções.
Por esta altura, os burgueses lutavam para se destacar do povo. Esta classe tinha surgido do povo e, por isso, tinha os mesmos direitos que ela. Já se tinham destacado economicamente, mas continuavam a ter os mesmos direitos que o povo e queriam, portanto, separar-se deste grupo. O rei, como precisava do dinheiro da burguesia, favoreceu este grupo social, concedendo-lhes alguns privilégios da nobreza. Apesar disto, os burgueses ainda não faziam totalmente parte da nobreza pois para isso acontecer, tinham de passar várias gerações. A burguesia era muito devota ao rei, pois era a ele que deviam a sua ascensão social. A nobreza, enquanto isto acontece, vai-se revoltar pois vê o seu lugar a ser ocupado pela burguesia. O Segundo Estado só gastava dinheiro, enquanto que a burguesia trazia o dinheiro para a corte. O soberano começou a achar que a nobreza era muito dispendiosa e custava-lhe muito dinheiro, pois era o rei que lhes pagava as pensões. Assim, o rei retirou privilégios à nobreza e deu-os à burguesia. Estes laços entre economia, sociedade e política só mostram que os poderes devem estar divididos e não concentrados numa só pessoa, pois isto condiciona o desenvolvimento da Nação.
Os regimes absolutistas defendiam, também, que o poder do rei tinha-lhe sido concedido por Deus. O rei comandava todos os homens como o representante de Deus na Terra. Deus glorificava os Reis, pois eles eram como deuses. Também defendiam que o rei sabia tudo e não devia ser contestado. Esta foi a principal razão para não haver revoltas durante muito tempo. As pessoas acreditavam que a desigualdade era natural e que Deus a tinha decretado. Se havia desigualdade de classes na Terra, estipuladas por Deus, seria natural que também as houvesse no Céu.
Segundo Bossuet, que foi um bispo francês, o poder monárquico tinha quatro característica básicas:
- Era sagrado (provinha de Deus);
- Era paternal (o rei deverá satisfazer as necessidades do povo, como um pai a seus filhos);
- Era absoluto (o rei possui todo o poder e este não deve ser contestado);
- Estava submetido à razão/sabedoria.
O Antigo Regime era caracterizado pela sociedade de ordens. Loyseau, que foi um advogado da corte francesa, defendia esta sociedade, dizendo que não podiam viver todos nas mesmas condições. Tinha de haver uma hierarquia: uns comandavam e outros obedeciam. Segundo Loyseau, a sociedade estava dividida em três Estados: o Primeiro Estado, que era o Clero; o Segundo Estado, que era a Nobreza e o Terceiro Estado, que era o Povo. Assim, cada pessoa tinha a sua função na sociedade (o clero servia Deus, a nobreza defendia o Estado e o povo alimentava todas as classes).
Ao longo dos séculos XVI até XVIII foi-se verificando, nos países de regime absolutista, uma decadência das Cortes e isto pode ser explicado pelo facto destas reuniões serem apenas uma formalidade, pois o rei não necessitava da opinião de ninguém para tomar decisões.
Os regimes absolutistas defendiam que o rei era guiado pela Razão e depois criava as leis para os seus súbditos poderem usufruir dessa razão. O rei não tinha iguais ou superiores e só respondia a Deus. Teoricamente, preocupava-se com o bem estar dos seus súbditos e por ser um príncipe Cristão devia aplicar a justiça, mostrando graça, compaixão e misericórdia. Por último, aos olhos dos outros países, o poder de um rei era demonstrado pelo exército do seu país, pelo dinheiro que tinha e pela adoração dos seus súbditos por ele. Nos regimes absolutistas, o soberano era grandemente elogiado e nunca criticado pela população do seu país.
O Absolutismo em Inglaterra atingiu o seu apogeu nos reinados de Henrique VIII e Isabel I.
Em Portugal, o Absolutismo conheceu o seu máximo no reinado de D. João V. O Absolutismo português tinha as mesmas características que os do resto da Europa. Este perdurou até o século XIX, mais precisamente em 1820, com a Revolução Liberal.
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D. João V |
A França foi o país onde o Absolutismo melhor se desenvolveu. Os Reis franceses desta época reclamaram o seu poder soberano. Fizeram entender que eram eles que concediam o poder às pessoas. Portanto elas tinham de lhes obedecer e agir em proveito deles, sem nunca se virarem contra os eles. O poder de fazer leis era somente do rei e os direitos e interesses da Nação eram os mesmos do seu soberano. Os Reis queriam estar a par de tudo e os seus conselheiros deveriam dizê-lo.
Luís XIV era o protótipo do Rei Absoluto. Este ordenou que nada fosse feito sem o seu consentimento e que tudo lhe fosse dito. O rei-sol não queria partilhar o seu poder com ninguém e escolhia os seus colaboradores de modo a que isso não acontecesse. Os escolhidos eram maioritariamente da burguesia pois não tinham tantas ambições como os membros da nobreza e ficariam satisfeitos com qualquer que fosse o cargo que o rei lhes desse.
O Palácio de Versailles representava o luxo e a grandiosidade da corte do rei-sol. Dentro deste palácio também havia uma ordem de classes. Apenas os que possuíam os títulos mais altos tinham privilégios como assistir ao despertar do rei e aos que não possuíam títulos tão altos era-lhes negada a entrada aos aposentos reais.
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Luís IX de França, protótipo do Rei Absoluto |
domingo, 23 de janeiro de 2011
As medidas mercantilistas em Portugal
Portugal, no século XVIII, atravessava uma grave crise económica (todos os países europeus queriam exportar e nenhum queria importar, portanto quase nenhum país comprava, e não havia exportações). Com a descoberta das minas de ouro no Brasil, no século XVI, Portugal conseguiu pagar as importações, mas este metal rapidamente começou a acabar e os portugueses viram-se obrigados a procurar outra forma de pagamento.
Foi neste contexto que se aplicaram as primeiras medidas mercantilistas em Portugal. Em 1703 foi assinado o Tratado de Methuen, entre Portugal e Inglaterra. Segundo este tratado, a Inglaterra tinha de importar os vinhos portugueses e Portugal os produtos lanifícios de Inglaterra. Este tratado foi, em parte, responsável pelo atraso do desenvolvimento das manufacturas em Portugal, pois os produtos exportados eram agrícolas (portanto, Portugal manteve-se sempre um país rural) e os produtos importados eram manufacturados (o que impediu Portugal de se desenvolver a nível manufactureiro). O Tratado também fez com que a balança comercial de Portugal se tornasse ainda mais desvantajosa, pois as importações de Inglaterra continuavam a ser maiores que as exportações para Inglaterra.
Mas as medidas mercantilistas mais importantes para Portugal aconteceram no reinado de D. José I, com o Marquês de Pombal. O Marquês tomou medidas para resolver a crise económica: desenvolveu a manufactura em Portugal; aplicou leis pragmáticas (que proibiam as importações), fomentou as exportações, criou as companhias que protegiam os produtos e também criou subsídios para ajudar na produção de manufacturas.
Por causa do Tratado de Methuen os vinhos eram muito importantes para a economia portuguesa. Os taberneiros misturavam água para fazer maiores quantidades de vinho e como Portugal não podia exportar produtos de má qualidade, pois se assim fosse as exportações iriam acabar, criaram-se as companhias para a protecção da produção de vinho. Portugal foi o primeiro país a criar uma zona protegida para a protecção de vinho.
Portugal também importava mão-de-obra e, ao fazer isto, não só aumentava a produção, como dava formação aos operários portugueses. Na época do Marquês de Pombal os jesuítas foram expulsos de Portugal e as suas terras passaram a pertencer ao Estado.
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O Marquês de Pombal expulsando os jesuítas (pintura de Louis-Michel van Loo e Claude-Joseph Vernet, 1766) |
Apesar destas medidas terem sido importantíssimas para abrandar a crise económica de Portugal, foram aplicadas demasiado tarde. O Marquês de Pombal poderia ter sido inovador e ter desenvolvido as manufacturas que não existiam nos outros países, para aumentar as exportações, mas como só queria acabar com a crise económica, não pensou no futuro. O Marquês apenas desenvolveu as manufacturas de produtos que Portugal exportava e apesar de ter reduzido as importações, não aumentou as exportações, portanto a balança comercial não se afundou, mas continuou com um défice muito grande.
sábado, 22 de janeiro de 2011
A Revolução Industrial
Na segunda metade do século XVIII, na Inglaterra, deu-se a Revolução Industrial. Esta havia sido preparada pela Revolução Agrícola, que permitiu que fosse libertada mão-de-obra dos campos, dirigindo-se para as cidades para trabalhar na manufactura.
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Coalbrookdale foi uma das primeiras cidades industriais em Inglaterra. |
A máquina a vapor foi inventada por James Watt no século XVIII e foi uma das invenções mais importantes para o arranque da Revolução Industrial. Todos os cavalos e moinhos, que antes eram utilizados, foram substituídos por máquinas a vapor.
Apesar da Revolução Industrial ter tido bastantes benefícios, trouxe também vários problemas. Em geral, as pessoas ficaram mais ricas e as condições de vida melhoraram, havia mais crianças que sobreviviam a infância e isto levou a que a população crescesse. Mas, houve também varias desvantagens da Revolução Industrial: o ambiente sofreu gravemente, a diferença entres os ricos e os pobres era enorme, frequentemente famílias inteiras viviam apertadas em apartamentos muito pequenos e as crianças eram usadas nas fábricaspara limpar as máquinas, pois eram muito pequenas e conseguiam entrar para dentro delas, pondo em risco as suas vidas
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Esta imagem mostra a densidade populacional e a poluição que havia nas novas cidades industriais. |
Algumas das inovações que da Revolução Industrial foram:
- A construção de canais, que permitiu que as cargas pesadas pudessem circular para onde fossem necessárias;
- A máquina a vapor tornou-se a principal fonte de energia, substituindo o homem e outros animais no trabalho agrícola;
- A produção passou a ser em massa;
- Passaram a ser usadas máquinas que ajudavam a agricultura e mais mão-de-obra foi libertada para as cidades;
- Caminhos de ferro foram construídos por Inglaterra. Os comboios permitiam que as pessoas e as mercadorias viajassem mais depressa;
- Os barcos a vapor substituíram os navios. Estes não dependiam do vento nem das condições meteorológicas para andar e eram mais seguros;
- O ferro substituiu a madeira como o principal material para a construção.
O arranque da Revolução Industrial
Para além da Revolução Agrícola houve também outros factores que ajudaram na Revolução Industrial: o desenvolvimento dos mercados externo e interno, a fundação de instituições financeiras e a Revolução dos Transportes.
Uma das grandes preocupações de Inglaterra era adquirir matérias-primas para desenvolver cada vez mais o mercado externo. Nesta altura, Inglaterra tinha uma balança comercial muito vantajosa (as suas exportações eram maiores que as importações). Este grande comércio internacional com as colónias ajudou na Revolução Industrial pois permitiu o suporte financeiro que ela necessitava.
A Inglaterra queria também desenvolver o mercado interno. O mercado semanal substituiu o mercado sazonal e o seu abastecimento foi facilitado pela abolição das alfândegas internas. A abolição das portagens levou a um maior consumo e um maior desenvolvimento. A produção era em massa e aplicou-se a especialização: cada pessoa tinha uma só tarefa, ou especialização, o que permitiu uma maior produção. Uma maior quantidade de produtos tornava-os muito mais baratos.
A Inglaterra fundou muitas instituições financeiras que garantiam um desenvolvimento económico. Os bancos possibilitavam a confiança do mercador e foram muito importantes nesta época.
A acumulação de capital era investida no desenvolvimento do país, com uma burguesia inglesa extremamente dinâmica. A revolução dos transportes também ajudou (construíram-se estradas mais acessíveis e propícias ao comércio interno). A Inglaterra libertou um grande número de mão-de-obra (do campo) e, deste modo mais pessoas foram trabalhar na manufactura, constituindo a pré-industrialização.
Todos estes factores trouxeram dinheiro para "suportar" a Revolução Industrial e sem eles a revolução não teria sido possível.
A Revolução Agrícola
A Revolução Agrícola foi um movimento que se iniciou no século XVIII, na região de Norfolk, em Inglaterra. Sem esta revolução, não teria havido a Revolução Industrial, pois foi ela que permitiu a libertação de mão-de-obra, que trabalhava no campo, e que foi para as cidades trabalhar nas manufacturas.
A Revolução Agrícola Inglesa teve várias semelhanças com a Revolução Agrícola Holandesa, embora a primeira tenha tido consequências maiores e mais importantes. Na Holanda, foram construídos diques e canais, drenaram-se pântanos, desenvolveu-se a criação de gado e aplicou-se a rotação contínua das culturas. Tudo isto levou à sua Revolução Agrícola. Em Inglaterra foram introduzidas medidas mais inovadoras na agricultura:
- Sistemas quadrienais de rotação de culturas (as pastagens permitiram que houvesse mais animais);
- Aumento das áreas cultiváveis (apropriação de baldios, que passaram a ser privados);
- Prática de enclosures (os animais deixaram de destruir os terrenos, pois estes estavam vedados e mais mão-de-obra foi libertada);
- Os pequenos proprietários ficam sem emprego e vão procura-lo às cidades (mais mão-de-obra libertada para ajudar o arranque da Revolução industrial);
- Proletários;
- Mecanização (anteriormente vigorava a especialização, com a mecanização liberta-se ainda mais mão-de-obra);
- Aumento da criação de gado (aproveitamento das peles para as indústrias têxteis dos curtumes, e das carnes para a alimentação, que permite que a população esteja melhor alimentada).
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Um exemplo dos enclosures em Inglaterra |
A Hegemonia Económica Brtitância
No século XVIII a Inglaterra assumiu o domínio do comércio mundial e tornou-se na nova grande potência europeia.
Uma das razões das razões que levaram a que isto acontecesse foi o facto do modelo político de Inglaterra ser uma monarquia constitucional ou parlamentarista (onde o rei tinha de submeter-se e aceitar as decisões dos membros do parlamento, que eram eleitos e maioritariamente burgueses, dando a esta classe social, mais poder), enquanto que o dos outros países era o absolutismo (em que o rei tinha absoluto poder e não consultava ninguém para tomar decisões que diziam respeito ao seu país). Isto ajudou a que a burguesia inglesa se desenvolvesse e se tornasse bastante mais influente.
Depois de, em conjunto com a França e a Holanda, ter "libertado" o mar de Portugal e de Espanha, a Inglaterra formou um Império, que permitiu que o país enriquecesse e tivesse produtos que não haviam antes em Inglaterra. Nesta altura, o Império Português perdera quase todo o seu prestígio e o país encontrava-se numa situação económica precária. Era aliado de Inglaterra e esta, alugava-lhe barcos para poder trazer os produtos das suas colónias, pois os ingleses, graças ao desenvolvimento da mão-de-obra, produziam tantos barcos, que podiam dispensar alguns para alugar aos portugueses, e estes começaram a ficar dependentes, a nível económico da Inglaterra.
O Acto de Navegação, de 1651, baseava-se em ideias mercantilistas e permitiu que a economia britânica fosse protegida da expansão comercial holandesa, favoreceu crescimento da marinha mercante e o desenvolvimento da indústria naval e de armamento e permitiu o desenvolvimento do comércio, bem como a expansão colonial inglesa. Decretado por Cromwell, o Acto de Navegação afirmava que qualquer produto que entrasse ou saísse de Inglaterra, apenas poderia ir em barcos ingleses e que 3/4 da população tinham de ser de origem britânica. Isto levou a que a população inglesa tivesse mais emprego e que a própria Inglaterra se desenvolvesse a nível manufactureiro. Para além disto, o rei tinha a certeza que os tripulantes o defenderiam e não lhe roubariam os produtos, por mais de metade da tripulação ser de origem britânica.
No século XVIII verificou-se, também um aumento da população inglesa, pois houve um melhoramento das condições de vida. Através de inovações, como a criação de esgotos, as condições higiénico-sanitárias rapidamente melhoraram e houve grandes progressos na medicina. A mortalidade infantil também diminuiu e as crianças passaram a ser melhor tratadas, o que permitiu uma diminuição da mortalidade em geral e o aumento da população. As crianças deixaram de ser vistas como força de trabalho e passaram a ser a principal preocupação das famílias.
O comércio colonial e o desenvolvimento do comércio interno também ajudaram o crescimento demográfico. A Inglaterra foi o país que mais cedo se transformou num espaço económico unificado,onde o consumo interno podia expandir-se e começou a haver uma uniformização de preços e do mercado. Também não havia alfândegas internas, o que retirou os entraves ao comércio e permitiu a livre circulação dos produtos pelo país. Foram criadas também instituições financeiras que favoreceram o sucesso inglês: a Bolsa de Valores e o Banco de Inglaterra, onde se realizavam operações de apoio ao comércio, emitiam-se papel-moeda e financiava-se a actividade comercial.
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