segunda-feira, 6 de dezembro de 2010

O Vigor de Amsterdão

   Por todo o Globo a Holanda afirmava-se como a nova grande potência europeia.
   A Holanda queria criar um Império, e por isso, em conjunto com a Inglaterra e a França "forçaram" Portugal e Espanha a "libertar o mar". Assim a antiga doutrina do mare clausum foi substituída pela nova doutrina do mare liberum.
   A Itália passou graves épocas de fome pois os estados italianos estavam em constante guerra (e isto enfraqueceu bastante o país, tendo o comércio passado para segundo plano). Desta maneira a Holanda substituiu a Itália como o grande comerciante do Mar Mediterrâneo.
   Os Holandeses também conquistaram a feitoria da Mina e a feitoria do Cabo e começaram a comercializar escravos. Também chegaram ao continente asiático, onde "dominaram" o continente com grande facilidade.
   A localização de Amesterdão era também muito vantajosa, pois situava-se no centro da Europa e era fácil chegar à cidade para comercializar. Nesta cidade, durante o século XVII, situava-se a mais importante praça de comércio, onde a burguesia dinâmica holandesa se ocupava de favorecer a liberdade mercantil, de garantir o monopólio dos produtos coloniais, de modernizar as práticas comerciais e de criar facilidades para o transporte de mercadorias. Através do dinamismo da actividade mercantil foi também possível o desenvolvimento dos mecanismos e das instituições financeiras (a criação de companhias por acções, a primeira bolsa financeira e o Banco de Amesterdão, cujas actividades eram tão lucrativas que se tornou em meados do século XVII, no banco central Europeu).
  
A Praça Dam foi a mais importante praça comercial da Europa.


   A Holanda vendia mais barato para vender mais e obter um maior lucro. Este país levava produtos que existiam em quantidades muito pequenas nessas regiões (como a manufactura em Portugal) e trocava-os por produtos existentes em abundância nesses países (como os cereais, que eram poucos na Holanda, mas que existiam em grande quantidade em Portugal). Em Portugal, os holandeses trocavam os seus produtos por (cereais e manufactura) por especiarias e sal, em Espanha trocavam os mesmos produtos pelo ouro dos espanhóis.
   Portanto nos finais do século XVII Amesterdão controlava uma grande rede de circuitos comerciais, detinha o monopólio das mercadorias que circulavam pela Europa e criara sólidas e inovadoras instituições financeiras.

O Avanço tecnológico e agrícola da Holanda

   O povo holandês era constituído em grande parte por imigrantes, que tinham saído do seu país e imigrado para a Holanda devido a perseguições religiosas. Por esta razão, o povo holandês trabalhava com vontade na agricultura e na mão-de-obra, que se desenvolveram muito depressa.
   Na agricultura os holandeses utilizaram técnicas inovadoras como a construção de sistemas de diques e canais para aumentar a superfície cultivável, a utilização de moinhos de drenagem, o desenvolvimento da pastorícia e da criação de gado e a utilização do sistema de rotação contínua das culturas.
   Tecnologicamente a Holanda também se mostrava mais avançada pois através da construção de diques e de moinhos, desenvolveu a manufactura, e no século XVI já havia muitas indústrias na Holanda (têxteis, de instrumentos de de precisão, metalurgia, manufacturas e mapas náuticos, produção de papel, cerveja, destilaria, porcelanas finas, entre outras). As indústrias tinham processos produtivos muito modernos, havia mão-de-obra especializada para cada tarefa e a qualidade dos produtos era reconhecida. Também desenvolveram tecnologicamente a indústria naval, aperfeiçoaram as técnicas navais e introduziram novos tipos de barcos, o que levou a que a frota holandesa se tornasse na melhor equipada frota do Mundo. Era também pelos barcos holandeses que se faziam as trocas comerciais entre os continentes.
   Todos estes factores levaram a que a Holanda tivesse um avanço no comércio sobre o resto da Europa pois estava mais desenvolvida a nível agrícola e tecnológico.

segunda-feira, 8 de novembro de 2010

O Aumento Demográfico na Holanda

  Durante esta época de prosperidade para o Norte da Europa, verificou-se um grande aumento demográfico na Holanda. Este foi causado pelas condições de vida do país, que melhoraram bastante, em comparação com os outros países da Europa, graças ao avanço tecnológico da Holanda; e causado também pelas altas taxas de imigração para este país. Esta região era alvo de grande fluxos migratórios pois era muito tolerante nas práticas religiosos, e as pessoas que tinham saído do seu país devido a conflitos religiosos encontravam um "refúgio" aqui.
   Contudo este aumento demográfico trouxe os seus problemas, pois sendo a Holanda um país pequeno não tinha muitas áreas cultiváveis, e apesar de ter ganho algumas terras ao mar (através da construção de diques, o que também ajudou no desenvolvimento da manufactura) continuava a não produzir o suficiente para sustentar a população. Porém o país conseguiu ultrapassar estas dificuldades através do comércio: o que faltava no seu país (cereais e comida) iam buscar a outros países, onde trocavam por produtos que havia em abundância na Holanda (manufactura).

domingo, 7 de novembro de 2010

Introdução ao controlo do Comércio Mundial pelo Norte da Europa

    A Holanda no século XVI era constituída por pequenas províncias que juntas formavam os Países Baixos, que pertenciam à Casa das Astúrias. Em 1579, após vários anos de guerra com a Espanha, estas  províncias finalmente conseguiram a independência, formando assim a Holanda, que hoje conhecemos. 
   Os Países Baixos desde cedo usufruíram de bastantes benefícios.
   Esta  região foi sempre uma região dinâmica, devido à sua localização geográfica (perto do mar e no centro da Europa).
    Amesterdão tinha um grande porto e uma burguesia dinâmica, que investia tudo o que ganhava, ao contrário da portuguesa que apenas gastava o dinheiro ganho na Expansão.
    O facto da Holanda ser em grande parte constituída por Judeus, que tinham sido expulsos de países católicos, constituiu também uma grande vantagem, pois a Igreja Católica condenava o lucro e sendo a Holanda um país constituído por imigrantes, que haviam saído do seu país por motivos religiosos, podia lucrar no comércio.
   É importante referir, também, que toda a Europa, menos a Holanda, tinha uma agricultura pouco moderna, havia fome e morriam muitas pessoas. E enquanto o resto da Europa andava em guerrilhas, a Holanda cresceu e evoluiu tecnologicamente. 
  Todos estes factores permitiram que a Holanda se desenvolvesse muito mais facilmente que os outros países europeus e se tornasse no novo centro da economia europeia e mundial.

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Decadência dos Impérios Ibéricos

   A partir do século XVII, Portugal e Espanha começam a perder o prestígio e a exclusividade que os seus Impérios possuíam.
   Estes países entraram em decadência porque não investiram o dinheiro da Expansão. Enquanto que outros países europeus, como a Holanda que investia tudo o que ganhava, se desenvolviam economicamente, Portugal e Espanha viviam "obcecados" pela exploração dos seus territórios e não investiam, e por isto manteve-se sempre a mesma situação económica nestes países.
   Em Portugal a burguesia era pouco dinâmica e a nobreza apenas gastava o dinheiro da Expansão em luxos. Espanha era rica em produtos, mas não os utilizava, pois como tinha ouro e prata podia comprar tudo.
   Para combater a doutrina de mare clausum França, Inglaterra e Holanda recorreram a ataques de piratas que assaltavam navios Portugueses e Espanhóis. Estes países não concordavam que o mar apenas pudesse ser navegado por Portugal e Espanha e substituíram a antiga doutrina por uma outra: mare liberum, que defendia que o mar era livre e que todos os povos podiam navegar nele sem pagar impostos.
   A partir do século XVII, Portugal começa a perder prestígio também devido à União Ibérica. Espanha apenas se preocupava com o seu Império e não tinha interesse pelo Império Português. Depois da Restauração da Independência, com D. João IV foi impossível recuperar o antigo Império Português, pois o país estava arrasado e desmotivado. Portugal apenas manteve o Brasil como local de comércio e o açúcar tornou-se na nova pimenta.

quarta-feira, 3 de novembro de 2010

O Império Espanhol: o ouro e a prata

   A base do comércio colonial espanhol eram os metais precioso (ouro e prata), sendo estes os produtos que mais se vendiam ao resto da Europa. Vindos das colónias espanholas também havia açúcar, Manila e tabaco, mas as quantidades em que eram trazidos para Espanha não eram tão evidentes como as quantidades do ouro e da prata.
   Nas minas americanas, os espanhóis verificaram que a prata era mais abundante que o ouro, e à medida que este se foi esgotando, os espanhóis dirigiram-se cada vez mais à prata.
   Os espanhóis iam buscar escravos a África e levavam-nos para a América para trabalharem nas minas. Estes, tal como os portugueses, foram responsáveis pela morte de muitos escravos africanos e índios americanos. Os escravos que trabalhavam nas minas, trabalhavam muitas horas por dia, sem descansar. Dentro das minas, não havia condições e os escravos quase não conseguiam respirar, levando muitos a morrer. Também não estavam habituados ao clima da América e por esta razão também morriam. Os colonizadores espanhóis e portugueses foram também responsáveis pelas mortes de muitos índios americanos devido à "moralização" destes (que não se vestiam e andavam nus), pois um povo que toda a sua vida andara nu (e que apenas utilizava tintas para se tapar) quando de repente foram vestidos perderam as imunidades que os seus corpos possuíam e acabaram por morrer.
   Tal como os portugueses, os espanhóis tinham uma instituição onde a Coroa administrava e fiscalizava o comércio nas colónias. Esta chamava-se Casa da Contratação e estava situada em Sevilha, que, devido ao comércio do ouro e da prata, tornou-se numa importantíssima cidade europeia e era o destino de muitos navios que vinham de toda a Europa.
   Nesta altura, devido ao comércio dos metais preciosos, Lisboa passa a ser apenas um local de passagens dos navios do resto da Europa, cujo destino era realmente Sevilha. Isto é explicado pela simples razão de Espanha ter ouro e prata para comercializar, enquanto Portugal apenas tinha escravos.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

O Monopólio Régio

   No século XVI, tanto o Império Português como o Império Espanhol possuíam Casas, onde tratavam dos assuntos de interesse colonial e onde os Reis podiam administrar os produtos que entravam e saíam do país. 
   Os espanhóis tinham a Casa da Contratação, em Sevilha, e os portugueses tinham a Casa da Índia, em Lisboa. Nesta última administravam-se todos os produtos do Império Colonial Português, de modo a que o rei pudesse controlar o que acontecia no seu Império. Era também aqui que passavam todos os produtos europeus que iam para a Índia. Todos os barcos que entravam no país eram revistados e quase nenhum produto escapava às buscas que eram feitas, para assegurar que por todos os produtos fosse pago um imposto, mal o navio chegasse ao porto de Lisboa.
   Estas casas existiam como base para o Monopólio Régio, pois era nelas que os Reis controlavam tudo o que se passava nos Impérios e onde podiam assegurar que o Estado usufruísse plenamente do comércio e da exploração económica das colónias.

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Organização do comércio colonial português

    Em 1494, de modo a impedir que houvesse guerras entre Portugal e Espanha, os dois povos assinaram um Tratado (Tratado de Tordesilhas) que dividia o Mundo em duas partes: uma para o império português e a outra para o império espanhol. Este contrato veio impedir que outros povos pudessem navegar e comercializar livremente  nos mares, tornando assim o mar num Mare Clausum, ou mar fechado, pois se outros países quisessem comercializar nos mares tinham de pagar impostos para o fazer.
  Tal como já foi referido, o império português estava espalhado por todo o Mundo.
    No oceano Atlântico, Portugal comerciava na costa ocidental da África Negra (onde os produtos que mais rendiam eram o ouro, os escravos, o marfim e malagueta, que circulavam entre a costa portuguesa, as ilhas da Madeira, Açores, Cabo Verde, a costa Ocidental Africana e o golfo da Guiné), na África Ocidental (aqui o comércio português baseava-se muito nas riquezas naturais como as plantas tintureiras, o marfim e peles, o ouro e escravos) e no Brasil (onde o grande interesse era o pau-Brasil, e mais tarde o açúcar e os escravos que vinham de África, originando o comércio triangular, que ocorria entre Lisboa, África e a América).
    No Oriente os portugueses procuravam as especiarias orientais e detinham domínios na Índia, na costa oriental da África, no Estreito de Ormuz e Golfo Pérsico e nas ilhas da Oceânia.
    Os portugueses estabeleceram também feitorias, que eram colónias de carácter comercial que serviam para os soberanos tratarem dos seus negócios e interesses económicos no estrangeiro, pela África. A mais importante feitoria portuguesas da costa ocidental africana era a feitoria da Mina, que era também a mais lucrativa.

Os Impérios Ibéricos

A Expansão portuguesa iniciou-se em 1415, no reinado de D. João I,  com a conquista de Ceuta, que era uma importante cidade situada na costa marroquina (mais tarde as expectativas que os portugueses tinham em relação ao benefício da conquista da cidade não se confirmaram, pois as rotas comercias que passavam por esta cidade foram desviadas para outras cidades, por parte dos muçulmanos e o constante estado de guerra  só agravava a situação, pois impedia o cultivo dos campos e a produção de cereais).
No início, os descobrimentos não mostraram muito lucro e havia até prejuízo, pois a construção de barcos custava muito e até à altura não se tinha conseguido comercializar com outros povos, mas rapidamente os negócios da costa ocidental africana passaram a dar lucro. Os novos produtos que eram trazidos para Lisboa atraiam comerciantes vindos de toda a Europa.
     No século XVI duas cidades ibéricas tornaram-se importantes centros económicos: Sevilha e Lisboa. Nestas duas cidades comercializava-se os produtos coloniais, permitindo que se verificasse um crescimento demográfico e económico e uma transformação urbana nas duas cidades. Em Lisboa os produtos mais procurados eram as especiarias orientais, e mais tarde o açúcar do Brasil, em Sevilha a procura era  essencialmente de metais preciosos (ouro e prata).
      Portugal e Espanha, embora tenham sido, em conjunto, os pioneiros da expansão ultramarina, foram bastantes diferentes na maneira como colonizaram e comercializaram com os seus impérios. Portugal optou pela exploração comercial e a dispersão territorial, enquanto que Espanha preferiu conquistar territórios através da força. É bastante evidente a razão pela qual estes dois países escolheram abordagens tão diferentes na maneira como expandiram o seu império: Espanha era um país maior que Portugal e era também mais populoso, portanto é normal que se pudesse dar ao luxo de ter um exército que  pudesse combater nas colónias, enquanto que Portugal, por ser menos populoso tinha de comunicar com os outros povos e tentar comerciar com estes sem o uso de força.
      Outra diferença entre os impérios era os sítios onde se localizavam: o Império português estava espalhado por todo o Mundo, enquanto que o espanhol estava concentrado apenas numa só região.

domingo, 24 de outubro de 2010

Introdução à Expansão Ultramarina pelos povos Ibéricos

  De modo a compreender melhor a expansão portuguesa, é necessário saber o estado em que o país se encontrava nos séculos que se antecederam a ela, e as razões que levaram à criação de um império colonial.
  Portugal, durante o século XIV atravessara uma grave crise demográfica causada, principalmente, por guerras, fome e epidemias; a população diminuira drasticamente e isto causara fome, pois havia menos pessoas a trabalhar nos campos e não se produzia o suficiente para sustentar a população portuguesa; havia também uma grande crise cerealífera, causadas  pelas alterações climatéricas, que, devido às precárias condições em que a agricultara se pratica, provocavam más colheitas e subsequentemente fome e mais mortes.
  Devido ao estado em que encontrava Portugal, depois do século XIV, foi também necessário encontrar soluções para os problemas que arrasavam o país. Portugal, sendo um país pequeno necessitava de mais terras para cultivar, decidiu procurar terras noutros continentes. A possível riqueza que os descobrimentos poderiam trazer também contribuiu para a decisão portuguesa de formar um império colonial.