terça-feira, 26 de outubro de 2010

Organização do comércio colonial português

    Em 1494, de modo a impedir que houvesse guerras entre Portugal e Espanha, os dois povos assinaram um Tratado (Tratado de Tordesilhas) que dividia o Mundo em duas partes: uma para o império português e a outra para o império espanhol. Este contrato veio impedir que outros povos pudessem navegar e comercializar livremente  nos mares, tornando assim o mar num Mare Clausum, ou mar fechado, pois se outros países quisessem comercializar nos mares tinham de pagar impostos para o fazer.
  Tal como já foi referido, o império português estava espalhado por todo o Mundo.
    No oceano Atlântico, Portugal comerciava na costa ocidental da África Negra (onde os produtos que mais rendiam eram o ouro, os escravos, o marfim e malagueta, que circulavam entre a costa portuguesa, as ilhas da Madeira, Açores, Cabo Verde, a costa Ocidental Africana e o golfo da Guiné), na África Ocidental (aqui o comércio português baseava-se muito nas riquezas naturais como as plantas tintureiras, o marfim e peles, o ouro e escravos) e no Brasil (onde o grande interesse era o pau-Brasil, e mais tarde o açúcar e os escravos que vinham de África, originando o comércio triangular, que ocorria entre Lisboa, África e a América).
    No Oriente os portugueses procuravam as especiarias orientais e detinham domínios na Índia, na costa oriental da África, no Estreito de Ormuz e Golfo Pérsico e nas ilhas da Oceânia.
    Os portugueses estabeleceram também feitorias, que eram colónias de carácter comercial que serviam para os soberanos tratarem dos seus negócios e interesses económicos no estrangeiro, pela África. A mais importante feitoria portuguesas da costa ocidental africana era a feitoria da Mina, que era também a mais lucrativa.

Os Impérios Ibéricos

A Expansão portuguesa iniciou-se em 1415, no reinado de D. João I,  com a conquista de Ceuta, que era uma importante cidade situada na costa marroquina (mais tarde as expectativas que os portugueses tinham em relação ao benefício da conquista da cidade não se confirmaram, pois as rotas comercias que passavam por esta cidade foram desviadas para outras cidades, por parte dos muçulmanos e o constante estado de guerra  só agravava a situação, pois impedia o cultivo dos campos e a produção de cereais).
No início, os descobrimentos não mostraram muito lucro e havia até prejuízo, pois a construção de barcos custava muito e até à altura não se tinha conseguido comercializar com outros povos, mas rapidamente os negócios da costa ocidental africana passaram a dar lucro. Os novos produtos que eram trazidos para Lisboa atraiam comerciantes vindos de toda a Europa.
     No século XVI duas cidades ibéricas tornaram-se importantes centros económicos: Sevilha e Lisboa. Nestas duas cidades comercializava-se os produtos coloniais, permitindo que se verificasse um crescimento demográfico e económico e uma transformação urbana nas duas cidades. Em Lisboa os produtos mais procurados eram as especiarias orientais, e mais tarde o açúcar do Brasil, em Sevilha a procura era  essencialmente de metais preciosos (ouro e prata).
      Portugal e Espanha, embora tenham sido, em conjunto, os pioneiros da expansão ultramarina, foram bastantes diferentes na maneira como colonizaram e comercializaram com os seus impérios. Portugal optou pela exploração comercial e a dispersão territorial, enquanto que Espanha preferiu conquistar territórios através da força. É bastante evidente a razão pela qual estes dois países escolheram abordagens tão diferentes na maneira como expandiram o seu império: Espanha era um país maior que Portugal e era também mais populoso, portanto é normal que se pudesse dar ao luxo de ter um exército que  pudesse combater nas colónias, enquanto que Portugal, por ser menos populoso tinha de comunicar com os outros povos e tentar comerciar com estes sem o uso de força.
      Outra diferença entre os impérios era os sítios onde se localizavam: o Império português estava espalhado por todo o Mundo, enquanto que o espanhol estava concentrado apenas numa só região.

domingo, 24 de outubro de 2010

Introdução à Expansão Ultramarina pelos povos Ibéricos

  De modo a compreender melhor a expansão portuguesa, é necessário saber o estado em que o país se encontrava nos séculos que se antecederam a ela, e as razões que levaram à criação de um império colonial.
  Portugal, durante o século XIV atravessara uma grave crise demográfica causada, principalmente, por guerras, fome e epidemias; a população diminuira drasticamente e isto causara fome, pois havia menos pessoas a trabalhar nos campos e não se produzia o suficiente para sustentar a população portuguesa; havia também uma grande crise cerealífera, causadas  pelas alterações climatéricas, que, devido às precárias condições em que a agricultara se pratica, provocavam más colheitas e subsequentemente fome e mais mortes.
  Devido ao estado em que encontrava Portugal, depois do século XIV, foi também necessário encontrar soluções para os problemas que arrasavam o país. Portugal, sendo um país pequeno necessitava de mais terras para cultivar, decidiu procurar terras noutros continentes. A possível riqueza que os descobrimentos poderiam trazer também contribuiu para a decisão portuguesa de formar um império colonial.